O ex-presidente Michel Temer (MDB) avaliou que o cenário político atual pode levar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a repensar sua candidatura à reeleição em 2026.
Em entrevista ao programa Canal Livre, da TV Band, Temer afirmou que a queda de popularidade do petista e as dificuldades de articulação com o Congresso Nacional devem pesar na decisão do chefe do Executivo.
“Eu acho que o presidente Lula não tem feito uma coisa que ele fazia muito nos primeiros mandatos. Ele dialogava muito com o Congresso Nacional. Segundo ponto, caiu a popularidade dele, sem dúvida alguma. O que penso fará com que ele medite duas ou três ou dez vezes para ser candidato à Presidência pela quarta vez”, afirmou.
Eleições de 2026
Ao analisar o quadro político para 2026, o emedebista também apontou uma tendência de fortalecimento da direita, especialmente se houver articulação para o lançamento de um único nome.
“Eu vejo que, nas conversas que eu tive com alguns governadores, eles estão muito dispostos a uma coisa dessa natureza. Se saírem cinco candidatos deste lado e um único candidato do outro lado, é claro que o candidato do outro lado vai ter uma vantagem extraordinária”, avaliou.
Apesar das especulações, Temer negou qualquer pretensão de retornar às urnas. “Eu descarto. Eu passei 32 anos na vida pública. Ocupei praticamente todos os cargos na República, inclusive a Presidência do Brasil. Então confesso que não tenho mais disposição para tanto”, declarou.
Sobre o 8/1: “dosimetria” em vez de anistia
Na mesma linha de raciocínio, o ex-presidente também comentou a discussão em torno de uma possível anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Temer se posicionou contra a proposta defendida por parlamentares bolsonaristas e sugeriu que o Supremo Tribunal Federal (STF) reveja as penas aplicadas.
“O Congresso tem o direito de editar uma lei referente à anistia, não se pode negar isso, mas talvez para não criar nenhum mal-estar com o STF, o melhor seria que o próprio STF fizesse uma nova dosagem das penas”, afirmou ao jornal O Globo.
Temer ainda classificou o ministro Alexandre de Moraes, relator dos casos no STF, como uma figura que pode agir como “pacificador”, sugerindo que a Corte busque um “meio termo” para evitar mais desgastes institucionais.